Monday, March 19, 2007

Carta - 19 de março de 2007

Vivo me mudando, você sabe disso. Periodicamente tenho que rever minha vida inteira, as fotografias, se os papéis ainda têm algum valor sentimental ou prático, revirar lembranças e poeiras. As mãos, invariavelmente, ficam sujas de uma sujeira que gruda. Há programas de peças de teatros, tickets de cinema, pedaços de escritas, contos inteiros, idéias e há um enorme lixo para jogar tudo isso. É a sina de quem o estado é a mudança, por mais que eu diga não. Descubro está tarde que um livro meu tem páginas arrancadas e não me lembro se fui eu quem fez este pecado. Um conto que não gostava muito. Elas estavam arrancadas com método. Arrancadas de uma só vez como um ato catártico. Da última parte dele, só restou a última página. Não me lembro de ter feito esta indelicadeza, mas quem a fez teve um bom motivo. O método, lembre-se dele. Ele diz tudo. O novo conto com as páginas ausentes, afinal, ficou muito melhor. E, assim, guardei o livro como um objeto de arte e pergunto: "cadê você que deu este grito?".

Lembranças