Thursday, July 05, 2007

Carta - 05 de julho

Hoje fiz a proposta: já pensou se pudéssemos condensar três anos fazendo o mesmo caminho como se fosse um filme? Só aquele que vai da ponte em cima da 9 de Julho até à sinagoga, sim, aquela onde fiquei de joelhos sobre a calçada em reforma e depois contei a história que tinha caído em frente à mesquita. Aha! Também a fiz cair. Para mim, igreja, sinagoga, mesquita, terreiro, lá, acolá. Lugar para chegar ao céu que talvez exista está valendo. Mas o caminho. E então ficamos lembrando quantas mudanças tiveram as calçadas, as ruas, comércio que chega, bar das lésbicas que vai, como nosso cabelo tinha mudado, nosso peso, nossos ideais, as idéias; chuvas que caiam e rarearam, amigos que iam com a gente e estão em outras trilhas. Assim. Vimos que mudamos e não mudamos e que estamos mudando e que logo depois de um minuto também poderíamos lembrar com saudade aquele minuto passado quando lembrávamos dos três anos daquele caminho aquele mesmo que deveria nos levar a algum lugar feliz triste e com sonhos ainda embrulhados. Bábábá ela disse. Grito. Vamos! Olha lá, estamos quase chegando para o primeiro gole de cerveja depois daquela lembrança. Miro a praça-monumento-de-concreto que logo mais estará lisa como uma boa praça de interior com velhinhos e jogo um papel no chão. Quero ser podre no último suspiro da praça fadada a morrer. "Me leva junto", peço a ela. Nenhuma resposta. E morro-nasço no primeiro gole da cerveja preta na próxima esquina. "Vê também uma porção de polenta! Bem fritinha."

Lembranças