Friday, November 23, 2007

Leituras

Descobri que gosto de biografias. Eureka! Uma maneira de viver a vida dos outros? Não, uma maneira de entender a construção de personagens.

Agora estou com o Tim Maia contado pelo “Nelsomotta”. Confesso que não gostava muito do Sr. Maia, sempre com as músicas muito dançantes ou de corno. Segundo ele: “esquenta sovaco e mela cueca”.

Meu interesse pelo personagem Tim só aconteceu quando meu querido me apresentou o primeiro CD “Tim Maia Racional” (para os puristas das velhas “bolachas” isso foi um sacrilégio, ainda mais para aqueles sortudos que tinham uma raridade que valia R$ 700,00 e o valor despencaria para uns cinqüentinha com a idéia da Trama em colocar em CD aquilo só feito pela independente Seroma do “Tião” há mais de dez). O que era aquilo? Música boa de um doidão que fissurou no “Universo em desencanto”. Ok, doidão com talento e que ainda cai na velha história da salvação (e por ETs!) merece respeito.

Já tinha lido Nelson Motta em “Noites tropicais” (algumas histórias contadas em Noites também são relatadas em Tim). Ele tenta fazer gracinhas em alguns parágrafos, algo que eu dispensaria num piscar de olhos. Mas quando conta uma história e não se perde ou não coloca Atibaia como litoral paulista (?!), o cara é fantástico (ou o ghost, anyway). Um bom contador de histórias vale ouro. Juntando pessoas com este talento, há oportunidade (sorte) em ter boas histórias para serem contadas e podemos viver num mundo com entretenimento de primeira.

Tim Maia, “preto, gordo e cafajeste, formado em cornologia, sofrências e deficiências capilares” (autodefinição do tipo que está na quarta capa do livro). Acrescentaria: junker anárquico, malucão, ex-presidiário no Brasil e nos EUA e que realizou o sonho de paxá. Morreu relativamente jovem, sem grana e com a saúde no lixo. Ainda assim, viveu o que dava e como queria. “Saudações a quem tem coragem”.

Lembranças