Saturday, January 12, 2013

Manifesto

          Eu queria escrever algo por aqui, dizer que terminei alguns contos de Tolstói, que fiquei maravilhada com "Falso cupom", uma obra de arte, a oração de Tolstói. Lindo! Ele ganhou minha alma e vou encarar Guerra e paz. Mas antes ele me levou ao Fiódor D. (como contraponto, talvez), e cá estou vivendo as agruras do Yákov Pietróvitch Golyádkin.
          Em uma conversa corriqueira, uma amiga faz uma indagação: "por que os russos escreviam livros tão grossos?". Fiquei pensando sobre isso. Pensando que quando leio bons escritores (que eu gosto, não necessariamente que a crítica curte) eu tenho certeza de que o conteúdo, a forma e a extensão de um livro vem da necessidade, a necessidade do escritor: ele come, caga, dorme, transa (ou não), vê a beleza e a feiura, escreve. E precisa escrever daquela maneira que gera a exaustão ao final, um certo orgasmo, satisfação que alivia e faz um ser humano se entender humano. Não importa se em 2.490 páginas ou em 140 caracteres. E quando a gente lê algo que foi escrito dessa maneira (em minha imaginação é assim), a leitura vai devagar porque sempre há uma parte, uma frase ou trecho, que espanta e faz com que o autor (ou autora) seja xingado, o coração acelere e, nesse ponto, o livro deve ser fechado, entra-se em um estado reflexivo que pode durar horas ou dias, mas não antes de um resmungo e de um muxoxo: "puta que o pariu, assim eu morro de ataque estético da alma, porra!".

Lembranças